Você já ouviu falar em moda sustentável?
Ainda não? Então doe 5 minutos da sua atenção lendo esse texto, e vamos te mostrar o porquê de esse ser um dos grandes desafios do nosso século.
Moda sustentável é um termo que vem ganhando espaço diante de toda a perspectiva atual (que não se limita apenas ao mundo da moda) de que esse estilo de vida que adotamos há mais ou menos um século atrás, baseado no consumo, vai muito além do que o Planeta Terra consegue aguentar. É, portanto, insustentável.
Hoje, a indústria da moda é o segmento mais bem-sucedido em nos convencer a comprar coisas das quais a gente não precisa, nos induzindo a comprar quando estamos tristes, comprar quando estamos felizes, comprar para atingir certo status. Enfim, priorizando a quantidade ao invés da qualidade e nos levando a acreditar que somos sujeitos “consumidores” – parte indispensável de uma engrenagem milionária, nociva ao meio ambiente e à sociedade, já que esse sistema é baseado em uma enorme injustiça social e desigualdade.
Se todo mundo vivesse baseado no estilo de vida ocidental, um único Planeta Terra não daria conta de atender nossas necessidades. Isso se chama “pegada ecológica”, uma expressão que se refere à quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar as gerações atuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos, gastos por uma determinada população. A nossa já supera, e muito, os limites do nosso Planeta. De acordo com pesquisa da WWF, nós já estamos consumindo recursos equivalentes a 1,7 Planeta (média mundial).
A média do Brasil está em 1,8 Planeta.
Em um extremo, se todos os cidadãos do mundo consumissem como os norte-americanos, seriam necessários 5 planetas. No outro, a Índia, que com mais de 1 bilhão de habitantes consome recursos equivalentes a 0,7 planetas.
Ou seja, temos um pequeno contingente de pessoas consumindo muito mais do que a parte que lhes cabe, enquanto grandes massas da população estão completamente excluídas dos benefícios da sociedade industrial. Essa crise socioambiental se escancara cada vez mais aos nossos olhos
Parte importante desse consumismo vem da indústria da moda, que produz 53 milhões de toneladas de roupa por ano. Disso, menos de 1% é reciclado e 85% acaba em aterros sanitários ou lixões. Também existe a questão do “resíduo têxtil”, as são sobras da produção industrial, que variam de 10 a 20% de cada peça de roupa ou calçado, ou acessório produzido. Isso equivale a 1 caminhão de resíduo têxtil descartado por segundo no mundo. Na região do Brás e Bom Retiro, grande polo produtor em São Paulo, são 20 toneladas descartadas por dia. Sem falar da questão da produção dos tecidos e microplásticos. Até hoje, a indústria têxtil já polui 20% da água que seria potável do mundo, e é a segunda maior responsável pela presença dos microplásticos nos oceanos. Além disso, o descarte de roupas em lixões e aterros é imensa e apenas uma quantidade ínfima é reciclada.
Em 2019, foram produzidas mais de 100 milhões de peças de vestuário. O nosso consumo de vestuário mais do que duplicou nos últimos 15 anos. Contudo, cada peça é agora mantida durante apenas metade do tempo. (Fonte: McKinsey 2016 – Circular Economy). Se continuarmos a comprar e descartar roupas no ritmo atual, o vestuário indesejado do ocidente continuará a amontoar-se nas lixeiras e nos rios do sul global. Continuaremos a passar o fardo da eliminação de resíduos a países com menos capacidade de lidarem com ele.
A expressão “slow fashion”, em oposição à “fast fashion” das grandes varejistas de roupas e acessórios, veio para transformar o mundo da moda e nos lembrar de que tudo o que compramos deixa para trás lixo, emissão de gases poluentes para a atmosfera, poluição de mananciais de água doce e injustiça social.
Um passo para a mudança é o consumo sustentável e responsável. E o que significa isso?
Significa que o nosso consumo precisa ser bom para as pessoas, para o Planeta, e para uma economia mais justa. Além disso, precisamos nos comprometer com as consequências indesejadas que o nosso consumo gera.
Portanto, para começar, devemos sempre perguntar: Quem fez essa peça? Quanto ela ganhou por isso? Seus direitos trabalhistas estavam sendo respeitados? Nos tornando sujeitos conscientes, “cidadãos”, ao invés de meros “consumidores”.
A coleção Kaapora nasceu no coração da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, idealizada por pessoas que acreditam que mudanças radicais no nosso estilo de vida e de consumo são necessárias, ressaltando o artesanato e a confecção de peças únicas que valorizam a qualidade e a exclusividade.
Na Zion Arame & Macramê, buscamos a natureza como a nossa maior fonte de inspiração e criação. As peças são produzidas levando em conta o impacto social e ambiental desde o início de sua confecção até sua entrega, que é realizada com embalagens recicladas e recicláveis. O que importa é o conteúdo, e esse, com certeza visa um ritmo desacelerado de consumo, com peças resistentes e de longa durabilidade.
Kaapora é a habitante das matas que existe em cada uma de nós. Que sejamos inspiradas a proteger aquilo que é nosso todos os dias!
Para saber mais:
Relatório A New Textiles Economy: Redesigning fashion’s future
Fundação Ellen MacArthur [https://ellenmacarthurfoundation.org]
Os Impactos ambientais da indústria da moda | Entrevista Completa
O consumo consciente não vai salvar o mundo | Ana Fernanda Souza | TEDxRioVermelho
Montanha Têxtil: o fardo oculto dos resíduos moda
Quatro empresas que reciclam tecidos no Brasil l Mariana Silos
A Indústria da Moda Brasileira e Seus Principais Desafios Para Sustentabilidade